segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Camadas da Terra

Poliana Correia Lima

          A crosta terrestre, também conhecida como litosfera, é a camada mais superficial do planeta Terra e se estende por aproximadamente 6 370 km em direção ao centro. As elevadas temperaturas presentes no interior do planeta impossibilitam que pesquisadores tenham contato direto com as demais camadas terrestres, promovendo apenas o acesso dos primeiros quilômetros da crosta, por meio de perfurações. Para se ter uma maior precisão sobre as estruturas geológicas do interior do planeta, se usa o sismógrafo. Esse aparelho detecta ondas sísmicas que permitem localizar o hipocentro (centro das ondas) e o epicentro (ponto correspondente na superfície da crosta).

          O manto terrestre é a camada mais extensa da estrutura interior do planeta. Compeende o manto superior, que é a parte mais externa do manto e é constituído por um material mais plástico, com temperaturas e densidades menores e o manto inferior, que apresenta uma consistência quase líquida e com maior densidade. No manto, as rochas não se encontram no estado físico como na crosta terrestre. Nele, elas apresentam-se em uma consistência pastosa, que se torna cada vez mais fluida à medida que se aumentam as profundidades, uma vez que a principal geração de calor interno da Terra é o núcleo terrestre.

          O núcleo terrestre, posicionado abaixo do manto, é o mais quente das camadas do planeta Terra e esta dividido em núcleo externo, que se encontra no estado líquido, e núcleo interior, que se encontra no estado sólido. Sua composição predominante é o NIFE (níquel e ferro). As temperaturas oscilam entre 3.000ºC e 5.000ºC. Em razão de o núcleo interno ser uma bola maciça cercada por uma esfera líquida, seu movimento de rotação é mais rápido do que o da Terra, o que ajuda a explicar as origens e os efeitos do magnetismo do nosso planeta. A figura a seguir indica a localização das estruturas geológicas do planeta Terra.

Fonte: http://www.coladaweb.com

          Antes do conhecimento sobre placas tectônicas, eram feitas suposições de que os continentes já teriam feito parte de um único bloco de Terra, pois a partir da análise de mapas pôde-se perceber que os continentes se encaixavam como peças de um quebra cabeça. A Teoria da Deriva Continental surgiu oficialmente quando o alemão Alfred Wegener a formulou no ano de 1912 com base em teorias anteriores. Nela, Wegener defendia a origem de um único bloco de terras denominado Pangeia, que foi se fragmentando vagarosamente dando origem a dois grandes continentes: Laurásia e Gondwana.   

           Na década de 1960, surgiu uma nova teoria que foi mais aceita pelos cientistas, a Tectônica de Placas. De acordo com essa teoria, a crosta terrestre é formada por um conjunto de placas tectônicas que deslizam por causa das correntes de convecção no interior da Terra. Esse movimento das placas foi o que permitiu a separação da Pangéia e o surgimento dos continentes. Os locais de encontro das placas tectônicas representam as áreas de instabilidade. Nessas áreas o magma pode expelir por fendas formando os vulcões.

Relevo Terrestre

Poliana Correia Lima

          O relevo terrestre é modificado pela ação de agentes endógenos, que atuam no interior do planeta, como por exemplo, o tectonismo, e pela ação de agentes exógenos, que atuam em contato direto com a superfície terrestre, modelando o relevo, como por exemplo, água, vento, gelo e os seres vivos. O relevo brasileiro tem formação antiga e foi originado, principalmente, da ação das forças internas da Terra, como a movimentação das placas tectônicas, as falhas e o vulcanismo. As principais formas de relevo terrestre são montanhas, planaltos, planícies e depressões.

          Os agentes externos são os principais responsáveis na modelação do relevo terrestre. Para que esse processo aconteça, são realizadas três fases distintas: erosão, transporte e deposição de sedimentos. A erosão é o processo de degradação do solo provocado pelo intemperismo, que ocorre quando a rocha está exposta aos agentes erosivos e sofre um desgaste provocado pelas condições climáticas, que por sua vez, modificam o seu aspecto físico e sua composição mineralógica. O transporte dos sedimentos é realizado pela ação da gravidade, da água ou dos ventos. Já a deposição consiste na deposição dos sedimentos dos ambientes erodidos.

          Os principais responsáveis pela erosão, causada pelos agentes externos, do relevo terrestre são: água, vento e gelo. Boa parte da água, principal elemento modelador do relevo, precipita e forma caminhos em direção a rios, lagos, lagoas e oceanos, que vão modelando o relevo e transportando os sedimentos para as partes mais baixas do relevo. A ação da água marinha ocorre no ponto de encontro entre o continente e o oceano, dando origem a formas de relevo como falésias, restingas e tômbolos.

          Os ventos são responsáveis pela erosão eólica que consiste na retirada de sedimentos das rochas. A deposição de sedimentos em alta escala forma as dunas, que no Brasil estão presentes, em sua maioria, no litoral nordestino. O gelo está presente nas geleiras formadas nas regiões continentais extremamente frias. “A erosão glacial ocorre pela incorporação e remoção, pelas geleiras, de partículas ou detritos da superfície sob a qual elas se movem” (Albuquerque, Bigotto & Vitiello, 2010). A água do degelo transporta sedimentos para áreas baixas dando origem a diversos tipos de solo, como por exemplo, os fiordes, braços de mar escavados em litorais montanhosos.


          Dentre as formas de relevo da superfície terrestre, podemos destacar quatro como as principais: Montanhas, planaltos, planícies e depressões. As montanhas são formas de relevo acidentadas que apresentam as altitudes mais elevadas do planeta. “Os planaltos são formas de relevo constituídas por um conjunto de terras altas onde predominam ondulações” (Albuquerque, Bigotto & Vitiello, 2010). As planícies são formas de relevo planas que não apresentam grandes desnivelamentos. Já as depressões, são formas de relevo rebaixadas que podem ser classificadas em absolutas, quando estão situadas abaixo do nível do mar, e relativas, quando estão situadas acima do nível do mar. A figura abaixo, ilustra as principais formas de relevo terrestre.

Fonte: http://geografia-ensinareaprender.blogspot.com.br

          O relevo brasileiro caracteriza-se pelo predomínio de áreas de médias e baixas altitudes, já que no Brasil não houve a formação de dobramentos modernos e os escudos cristalinos mais elevados foram desgastados pelos agentes modeladores do relevo. Ao longo da evolução dos estudos geográficos sobre o território brasileiro, o relevo do país apresentou diversas classificações, porém a que mais se aproximou com os pressupostos da geomorfologia foi a de Aziz Nacib Ab'Saber, na década de 1970. Para Ab'Saber, o país estava dividido em dez compartimentos, sendo sete planaltos e três planícies.

Relevo Submarino

Poliana Correia Lima

          O relevo submarino é aquele que está localizado abaixo dos oceanos e mares, ou seja, está coberto por águas. A partir da realização de estudos sobre a superfície terrestre, percebeu-se que ela apresenta uma grande variedade de formas e irregularidades. Ao analisar o fundo dos oceanos também foi detectada uma diversidade de formas em sua composição. Com o desenvolvimento tecnológico alcançado durante a década de 1960, foi possível realizar análises aprofundadas do relevo submarino e estabelecer uma classificação de acordo com as diferentes formas apresentadas.


          Os fundos dos  oceanos apresentam uma variedade de formas, assim como o relevo terrestre: são montanhas, áreas planas, depressões que não podemos visualizar, mas que também precisam de classificação e análise. Durante a Segunda Guerra Mundial, com a necessidade de se desenvolverem equipamentos para vasculhar o fundo dos oceanos em busca de submarinos, houve um avanço no estudo do relevo do fundo dos mares. Nas décadas de 1950-1960, finalmente, tornou-se possível cartografar (mapear) o fundo dos oceanos e a partir daí classificá-lo. Com o avanço dos sistemas de satélites, infravermelhos e mapeamentos térmicos, a geomorfologia marinha avançou muito. Desse modo, criaram-se as divisões do relevo submarino. A imagem abaixo mostra as formas de relevo submarino.

Fonte: http://geoconceicao.blogspot.com.br

          O relevo submarino apresenta a Plataforma continental, é considerada a área mais importante, que é caracterizada por ser o prolongamento submerso dos continentes, com apenas algumas modificações promovidas pela erosão marinha ou por depósitos sedimentares. Nessa região que a luz do sol atinge praticamente o fundo oceânico, permitindo a ocorrência de fotossíntese e o crescimento do plâncton, este último, indispensável para a alimentação de peixes e animais marinhos. Por isso, ficam aí as maiores regiões pesqueiras e também as bacias petrolíferas.

          O Talude tem origem sedimentar e inclina-se até o fundo oceânico, atingindo entre 3.000 e 5.000 metros de profundidade. O relevo do talude continental não é regular, ocorrendo frequentemente cânions e vales submersos. Nessa área encontramos restos de seres marinhos e argila muito fina. Podemos ainda encontrar nessa região vulcões isolados e dispostos em linha, que dão origem às ilhas oceânicas, por exemplo, as ilhas do Havaí. As Ilhas oceânicas são pequenas extensões de terras emersas que se formam no fundo dos oceanos e se afloram na superfície.

          A Bacia oceânica corresponde à maior superfície e se estende a partir do limite do talude continental até, aproximadamente, cinco mil metros de profundidade. É formada por extensas bacias. As dorsais constituem as grandes cordilheiras e acompanham o contorno dos continentes. As dorsais encontradas nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico apresentam altitudes que variam entre dois e quatro quilômetros acima do fundo oceânico, emergindo em diversos pontos sob a forma de ilhas e arquipélagos.As fossas abissais estão localizadas próximas aos continentes, e formam as regiões mais profundas do relevo submarino. 

Conceitos para Análise Geográfica

Poliana Correia Lima

          Existem categorias utilizadas para basear os estudos geográficos. Trata-se da elaboração e utilização de conceitos básicos que orientem o recorte e a análise de um determinado fenômeno a ser estudado. Por exemplo, um estudo geográfico sobre determinadas disputas geopolíticas pode ser realizado tendo como base o conceito de território, que seria uma categoria a ser utilizada como uma forma de se enxergar o estudo. Atualmente, além do espaço geográfico, principal objeto de análise da Geografia, existem quatro principais conceitos que se consolidaram como categorias geográficas: território, região, paisagem e lugar. A imagem abaixo mostra o planeta Terra para explicação sobre os conceitos geográficos.

Fonte: http://www.cozinhasitatiaia.com.br

          A Paisagem refere-se às configurações externas do espaço. Por muitas vezes, ela foi definida como “aquilo que a visão alcança”. Porém, essa definição desconsidera as chamadas “paisagens ocultas”, ou seja, aqueles processos e dinâmicas que são visíveis, mas que de alguma forma foram ocultados pela sociedade. Além disso, essa definição também peca por apenas considerar o sentido da visão como preceptora do espaço, cabendo à importância dos demais sentidos, com destaque para a audição e o olfato. Dessa forma, podemos afirmar que o conceito de paisagem refere-se às manifestações e fenômenos espaciais que podem ser apreendidos pelo ser humano através de seus sentidos.

          O Território é definido como sendo um espaço delimitado. Tal delimitação se dá através de fronteiras, sejam elas definidas pelo homem ou pela natureza. Mas nem sempre essas fronteiras são visíveis ou muito bem definidas, pois a conformação de um território obedece a uma relação de poder, podendo ocorrer tanto em elevada abrangência (o território de um país, por exemplo) quanto em espaços menores (o território dos traficantes em uma favela, por exemplo).

          A Região é uma área ou espaço que foi dividido obedecendo a um critério específico. Trata-se de uma elaboração racional humana para melhor compreender uma determinada área ou um aspecto dela. Assim, as regiões podem ser criadas para realizar estudos sobre as características gerais de um território (as regiões brasileiras, por exemplo) ou para entender determinados aspectos do espaço (as regiões geoeconômicas do Brasil para entender a economia brasileira). Eu posso criar minha própria região para a divisão de uma área a partir de suas práticas culturais ou por suas diferentes paisagens naturais, entre outros critérios.

          O Lugar é uma categoria muito utilizada por aqueles pensadores que preferem construir uma concepção compreensiva da Geografia. Grosso modo, o lugar pode ser definido como o espaço percebido, ou seja, uma determinada área ou ponto do espaço da forma como são entendidos pela razão humana. É preciso lembrar, no entanto, que essas categorias e conceitos não são exclusivos da Geografia, podendo ter outros significados quando utilizados em outras ciências ou pelo senso comum. Além disso, essas não são necessariamente as únicas categorias dessa ciência, mas apenas as mais comumente adotadas pelos geógrafos em seus estudos.

Solos

Poliana Correia Lima

          O solo é fundamental para a existência do homem, pois nele que são produzidos boa parte dos nossos alimentos pela agricultura e a pecuária. A ciência geográfica responsável pelo estudo dos solos é chamada de pedologia. “O solo pode ser compreendido como o elemento mineral ou orgânico que recobre a superfície do planeta e serve como meio natural para o crescimento de plantas terrestres” (Albuquerque, Bigotto & Vitiello, 2010).


          O processo de formação do solo é chamado de intemperismo, que consiste nos fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre a rocha e a conduzem à degradação e à formação de sedimentos.  Existem três tipos de intemperismo: Intemperismo físico, que degrada as rochas por conta de mudanças bruscas de temperatura; Intemperismo químico, que decorre da ação das águas correntes que reagem com os componentes minerais da rocha e alteram sua constituição; Intemperismo biológico, que se caracteriza pela perda, por parte da rocha, de nutrientes para espécies animais e vegetais que se desenvolvem em suas superfícies. A imagem abaixo mostra a composição de um solo maduro.

Fonte: https://marianaplorenzo.com

          O tipo de solo de um determinado lugar depende dos seguintes fatores: o tipo de rocha matriz que o originou, o clima, a quantidade de matéria orgânica, a vegetação que o recobre e o tempo que levou para ser formado. Os solos também podem ser classificados em arenosos e argilosos. Os solos arenosos apresentam uma quantidade de areia acima da média, secam mais rapidamente por serem porosos e permeáveis, a água se infiltra com maior facilidade entre os grãos de areia logo chega ás camadas mais profundas carregando os sais minerais que serviriam de nutrientes para plantas.

          Os solos argilosos, logicamente, apresentam argila, composta de grãos de areia compactados, o que faz com que a retenção de água e sais minerais seja maior. Isso explica a maior fertilidade desse tipo de solo para o desenvolvimento de plantas. Porém, se o solo tiver argila em excesso, ele pode reter muita água e dificultar a circulação do ar e o desenvolvimento de plantas. No território brasileiro predominam alguns tipos de solos característicos de algumas regiões: humífero, terra roxa e massapé.

          O solo humífero, como o próprio nome já diz, é rico em húmus e muito fértil. É característico de regiões onde a vida vegetal e a umidade são  intensas, como por exemplo, a Mata Atlântica. O solo de terra roxa é bastante fértil e resulta da decomposição das rochas arenito-basálticas. No Brasil, esta presente nas áreas ocidentais das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. O solo massapé resulta da decomposição de rochas como granito e gnaisse. Localiza-se na faixa litorânea do Nordeste brasileiro.

          A erosão do solo pode ser induzida ou acelerada pela ação humana a paisagem natural. Tal fato gera inúmeras consequências, tais como: perda de solos férteis, poluição da água e assoreamento dos mananciais, degradação e redução da produtividade global, entre outros. A exposição do solo aos agentes erosivos por meio da retirada da vegetação local faz com que ele seja constantemente lavado, ocasionando uma voçoroca. A voçoroca corresponde a uma erosão acentuada, que pode atingir o lençol freático e tornar inúteis, áreas que antes eram utilizadas para agricultura e pecuária.

Processo de Arenização

Poliana Correia Lima

          O processo de arenização consiste na formação de bancos de areia em solos que já apresentam composição arenosa. É um fenômeno semelhante à desertificação, porém se diferem em alguns aspectos. Esse processo é considerado um problema ambiental, pois é responsável pela devastação de áreas de conservação e por tornar os solos preparados para a agricultura, inférteis.

          As principais causas do processo de arenização são de origem antrópica, como a retirada da cobertura vegetal e atuação intensiva da agricultura ou pecuária em locais de solos com composição arenosa. Com isso, a camada superficial perde seus nutrientes e é exposta a uma lavagem constante pela água da chuva, provocando o acúmulo de sedimentos em forma de bancos de areia.

          No Brasil, o processo de arenização ocorre na região Sul do país, mais especificamente no estado do Rio Grande do Sul. Para conter o avanço do processo de arenização, é preciso identificar as áreas cujos solos tenham tendência a essa ocorrência e tomar medidas para que se faça o uso cauteloso deles. Essas medidas incluem a preservação da vegetação e a adoção de técnicas de cultivo especificamente voltadas para esse intuito, a exemplo das curvas de nível.


           A maior parte dos sedimentos responsáveis pela formação dos bancos de areia que tornam os solos improdutivos vem de áreas um pouco mais altas, o que explica o fato de a arenização ser mais comum em regiões que registram a existência de desníveis nas formas de relevo. Além da água das chuvas, outro importante agente responsável pela arenização são os ventos, que também auxiliam no processo de erosão e envolvem o desgaste, o transporte e a deposição dos sedimentos. A imagem abaixo mostra o processo de arenização.

Fonte: http://acervo.novaescola.org.br

          Existem diferenças entre os processos de arenização e de desertificação. A desertificação é a degradação dos solos em áreas de clima árido, semiárido e subúmido, em que o índice de chuvas costuma ser baixo. Nesses casos, os níveis de evaporação são maiores do que os de precipitação. Já a arenização é a remoção da cobertura vegetal e superficial de solos que já são arenosos. Sendo comuns em zonas de climas mais úmidos e os níveis de precipitação são maiores que os de evaporação e infiltração.

Água Subterrânea

Poliana Correia Lima

          Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da Terra, preenchendo os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas compactas. Sendo submetida a duas forças (de adesão e de gravidade) desempenha um papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos. As águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico, uma vez que constituem uma parcela da água precipitada.


          A infiltração é o processo mais importante de recarga da água no subsolo. O volume e a velocidade de infiltração dependem de vários fatores. A infiltração é favorecida pela presença de materiais porosos e permeáveis como solos e sedimentos arenosos. Rochas expostas muito fraturadas ou porosas também permitem a infiltração de águas superficiais. Espessas coberturas de solo exercem um importante papel no controle da infiltração, retendo temporariamente parte da água de infiltração que posteriormente é liberada lentamente para a rocha subjacente. A imagem abaixo mostra o processo de infiltração da água no solo.

Fonte:  http://www.ebah.com.br

          De modo geral, declives acentuados favorecem o escoamento superficial direto, diminuindo a infiltração. Superfícies suavemente onduladas permitem o escoamento superficial menos veloz, aumentando a possibilidade de infiltração. O modo como o total da precipitação é distribuído ao longo do ano é um fator decisivo no volume de recarga da água subterrânea, em qualquer tipo de terreno. Chuvas regularmente distribuídas ao longo do tempo promovem uma infiltração maior, pois desta maneira, a velocidade de infiltração acompanha o volume de precipitação. Ao contrário, chuvas torrenciais favorecem o escoamento superficial direto, pois a taxa de infiltração é inferior ao grande volume de água precipitada em curto intervalo de tempo.

          O avanço da urbanização e a devastação da vegetação influenciam significativamente a quantidade de água infiltrada em adensamentos populacionais e zonas de intenso uso agropecuário. Nas áreas urbanas, as construções e a pavimentação impedem a infiltração, causando efeitos catastróficos devido ao aumento do escoamento superficial e redução na recarga da água subterrânea. Nas áreas rurais, a infiltração sofre redução pelo desmatamento em geral, pela exposição de vertentes através de plantações sem terraceamento, e pela compactação dos solos causada pelo pisotcamento de animais, como em extensivas áreas de criação de gado.     

          Unidades de rochas ou de sedimentos, porosas e permeáveis que armazenam e transmitem volumes significativos de água subterrânea passível de ser explorada pela sociedade são chamadas de aquíferos. Em oposição ao termo aquífero, utiliza-se o termo aquiclude para definir unidades geológicas que, apesar de saturadas, e com grandes quantidades de água absorvida, são incapazes de transmitir um volume significativo de água com velocidade suficiente para abastecer poços ou nascentes, por serem rochas relativamente impermeáveis.                                                                       

         O aproveitamento das águas subterrâneas data de tempos antigos e sua evolução tem acompanhado a própria evolução da humanidade. O seu crescente uso se deve ao melhoramento das técnicas de construção de poços e dos métodos de bombeamento, permitindo a extração de água em volumes e profundidades cada vez maiores e possibilitando o suprimento de água a cidades, indústrias, projetos de irrigação, etc. A relação, em termos de demanda quanto ao uso, varia entre os países, e nestes, de região para região, constituindo o abastecimento público, de modo geral, a maior demanda individual.


Bacias Hidrográficas

Poliana Correia Lima

          Uma bacia hidrográfica  é a área onde, devido ao relevo e geografia, a água da chuva escorre para um rio principal e seus afluentes. A forma das terras na região da bacia fazem com que a água corra por riachos e rios menores para um mesmo rio principal, localizado num ponto mais baixo da paisagem. A desigualdade dos terrenos faz com que os cursos d'água que escorrem da água da chuva determinam a bacia hidrográfica, que se forma das áreas mais altas para as mais baixas. 

          Ao longo do tempo, a passagem água da chuva vinda das áreas altas modela o relevo no seu caminho, formando vales e planícies. A área de uma bacia é separada das demais por um divisor de águas, que separa a captação da água da chuva de outra bacia. Existem classificações para a forma como as águas se comportam dentro de uma bacia. As águas exorreicas correm para o mar; as endorreicas caem em um lago ou mar fechado; as criptorreicas desaguam no interior de rochas calcárias (porosas) e geram lagos subterrâneos, além de formar lençóis freáticos; e, por último, as arreicas, quando o curso d'água seca ao longo do seu percurso. 

          No Brasil, a bacia hidrográfica é considerada como uma Unidade de Gestão dos Recursos Hídricos, o espaço geográfico de atuação onde os comitês de bacias hidrográficas buscam promover o planejamento regional, controlar os usos da água na região, proteger e conservar as fontes de captação da bacia. As principais bacias hidrográficas do Brasil são: Amazônica, Tocantins Araguaia, Paraná, Paraguai, Uruguai e São Francisco que, juntas, cobrem cerca de 80% do território brasileiro. A imagem abaixo mostra a localização das bacias hidrográficas no Brasil.

Fonte: https://pt.wikipedia.org

          A maior bacia hidrográfica do mundo é Bacia Hidrográfica Amazônica, com sete milhões de quilômetros quadrados. No Brasil, ela compreende uma área de 3.870.000 km2, estando presente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso e Pará. A Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia é a maior bacia de drenagem exclusivamente brasileira com 767.059 km2. Os principais rios são o Tocantins, que nasce em Goiás e desemboca na foz do rio Amazonas; e o rio Araguaia, que nasce na divisa de Goiás com Mato Grosso e se junta ao rio Tocantins na porção norte do estado do Tocantins.

          A Bacia Hidrográfica do São Francisco possui aproximadamente 640 mil quilômetros quadrados, essa bacia tem como principal rio o São Francisco, que nasce na Serra da Canastra (MG) e passa pelos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. A Bacia Hidrográfica do Paraná é a principal da bacia Platina (compreende os países da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai). No Brasil, a bacia hidrográfica do Paraná possui 879.860 km2. A Bacia Hidrográfica do Parnaíba está presente nos estados do Piauí, Maranhão e na porção do extremo oeste do Ceará, totalizando uma área de 344.112 km2.

          A Bacia Hidrográfica do Uruguai é composta pela junção dos rios Peixe e Pelotas. Com área de 174.612 km2, essa bacia hidrográfica está presente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Possui grande potencial hidrelétrico, além de ser importante para a irrigação nas atividades agrícolas da região.
A Bacia Hidrográfica do Paraguai, no Brasil, está presente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, englobando uma área de 361.350 km2. Tem como principal rio o Paraguai, que nasce na Chapada dos Parecis (MT). Possui grande potencial para a navegação.

Mata de Araucárias

Poliana Correia Lima

          A mata de araucárias é um ecossistema pertencente ao bioma Mata Atlântica predominante da região Sul do Brasil. Essa vegetação se desenvolve em áreas de relevo um pouco mais acidentado e clima subtropical. Caracterizado por elevados índices pluviométricos e chuvas bem distribuídas o ano inteiro. A araucária, ou Pinheiro-do-Paraná é a árvore principal da mata de araucárias. Essa planta é de grande porte e caracteriza-se por sua copa em forma de taça. Sua semente é comestível e utilizada para artesanato. A Mata de Araucária sofre bastante pelo desmatamento causado por ações antrópicas para fins de expansão das áreas agrícolas e para a extração de madeira.

          O Pinheiro-do-Paraná destaca-se na porção mais alta da Mata de Araucárias e forma um dossel contínuo. Muitos se enganam ao acreditar que a Mata de Araucárias é constituída unicamente pelo Pinheiro-do-Paraná. No entanto, abaixo da cobertura formada pelas copas das árvores, encontram-se outros estratos: o arbóreo inferior, rico em diversidade de plantas, e o arbustivo herbáceo, composto por um vasto conjunto de plantas de pequeno porte. A fauna presente nesse tipo de ecossistema é composta principalmente por aves e roedores. Os quais são responsáveis pelo transporte e a dispersão das sementes da planta. A imagem abaixo mostra a floresta de araucária.

Fonte: http://www.infoescola.com

          A araucária pode ser usada para diversos fins que não a prejudicam, como por exemplo, o artesanato, a alimentação (das sementes) e o seu potencial medicinal. Na medicina ela é usada para tratar a azia e a anemia, pois é rica em reservas energéticas. Na alimentação é usada tanto pelos homens, quanto pelos animais. Além disso, é um meio socioeconômico por ser comercializado, tendo alguns municípios como grandes centros dessa produção. No artesanato é feito o aproveitamento, seja da madeira, do pinhão ou das folhas já secas.  Esse trabalho é realizado por instituições que têm como intuito a inclusão social, a geração de emprego e renda para famílias e o bom aproveitamento da araucária sem prejudicá-la, visando sua preservação.

          Assim como outras florestas brasileiras, a Mata de Araucárias se encontra em um processo de degradação, sua extensão vem diminuindo significativamente. Especialistas afirmam que aproximadamente 95% da mata nativa foi derrubada ao longo das décadas. Isso ocorre devido ao corte ilegal das árvores para produção de madeireiras, e expansão das áreas agrícolas e de criação de animais, pecuária.

          Um exemplo dessas situações de desmatamento foi a construção da usina hidrelétrica Barra Grande localizada no rio Pelotas, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para a construção da usina foram destruídos cerca de 8 mil hectares de floresta, sendo 2 mil de mata nativa. O volume do rio aumentou e alagou a floresta gerando uma a perda de espécies em extinção. Tudo isso causado pelo mau planejamento, e pela ambição dos governantes.

Mudanças Climáticas

          Poliana Correia Lima

          As mudanças climáticas são alterações que ocorrem no clima geral do planeta Terra. Estas alterações são verificadas através de registros científicos nos valores médios ou desvios da média, apurados durante o passar dos anos. São produzidas em diferentes escalas de tempo em um ou vários fatores meteorológicos como, por exemplo: temperaturas máximas e mínimas, índices pluviométricos (chuvas), temperaturas dos oceanos, nebulosidade, umidade relativa do ar, etc. A imagem abaixo é uma ilustração referente às mudanças climáticas.
Fonte: http://www.diariodenoticias.com.br

          As mudanças climáticas são provocadas por fenômenos naturais ou por ações dos seres humanos. Nas ações antrópicas, as mudanças climáticas têm sido provocadas a partir da Revolução Industrial, momento em que aumentou significativamente a poluição do ar. Atualmente as mudanças climáticas têm sido alvo de diversas discussões e pesquisas científicas. Os climatologistas verificaram que, nas últimas décadas, ocorreu um significativo aumento da temperatura mundial, fenômeno conhecido como aquecimento global. O processo de desertificação também tem aumentado nas últimas décadas em função das mudanças climáticas.

          O clima da Terra vem mudando ao longo da história, sendo que nos últimos 650 mil anos o planeta passou por sete ciclos de avanço e recuo glacial. A última Era do Gelo, que ocorreu há sete mil anos, teve um fim abrupto e marcou o início da era moderna do clima e da civilização humana. Apesar de ainda existirem controvérsias entre alguns integrantes da comunidade acadêmica a respeito do aquecimento global, as mudanças climáticas globais são um fato já aceito e bem consolidado entre grande parte dos cientistas. O Painel Intergovenamental de Mudanças Climáticas (IPCC), por exemplo, considera as evidências científicas para o aquecimento global, incontestáveis.

          Satélites e outros avanços tecnológicos têm permitido que cientistas vejam o quadro geral, coletando diversos tipos de informação sobre nosso planeta e seu clima em escala global, que ao longo dos anos revelaram sinais de mudanças climáticas. A deformação dos núcleos gelados da Groelândia, Antártida e de geleiras de montanhas mostram que o clima da Terra reage a mudanças nos níveis de gases de efeito estufa liberados para a atmosfera. Eles também mostram que, no passado, grandes mudanças no clima global ocorreram de forma rápida, geologicamente falando: em dezenas de anos, não em milhares ou milhões.

Referências

ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins; BIGOTTO, José Francisco; VITIELLO, Márcio Abondanza. Geografia: Sociedade e cotidiano 1. Editora edições escala educacional s/a. 1ª edição, São Paulo 2010


PENA, R. F. A. Manto terrestre. Disponível em http://mundoeducacao.bol.uol.com.br. Acesso em 21 de novembro de 2016.


NICOLIELO, Bruna. O que é arenização. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br Acesso em 25 de novembro de 2016.


PENA, R. F. A. Tipos de Relevo; Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/geografia/tipos-relevo.htm. Acesso em 20 de novembro de 2016.


KARMANN, Ivo. Ciclo da água, água subterrânea e sua ação geológica. In: TAIOLI, Fábio, et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.


PENA, R. F. A. Solo; Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/geografia/o-solo.htm. Acesso em 21 de novembro de 2016.


CAMARGO, Antônio. Bacias hidrográficas do Brasil. Disponível em http://www.suapesquisa.com/geografia/bacias_hidrograficas.htm Acesso em 26 de novembro de 2016.


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